Durante uma semana o Portal D24AM percorreu três comunidades da zona rural de Manaus e, conversando com moradores, constatou o estado de abandono dessas localidades
Manaus - Tranquilidade até poderia ser sinônimo da expressão ‘vida rural’ já que quem mora a quilômetros de distância da ‘cidade grande’ está livre de grandes construções, congestionamentos e tumultos do cotidiano da vida urbana. No entanto, apesar de viverem bem, da maneira que podem, moradores da zona rural de Manaus não se sentem satisfeitos com os serviços básicos prestados a eles.
A falta de transporte público coletivo, escolas de Ensino Fundamental e Médio e postos de saúde são algumas das questões que colocam em xeque a qualidade de vida na zona rural. O Portal D24AM visitou, acompanhado de alguns moradores, pelo menos três localidades diferentes as quais, de semelhantes, só tiveram a reclamação.
No ramal do Pau Rosa, localizado no Km 21 da BR-174, pelo menos duas vezes durante a semana é possível encontrar o vendedor ambulante Esaú Nunes, 55, pedindo carona para chegar até a via principal. Segundo ele, há algum tempo foi anunciado que o local passaria a receber a linha 305 do sistema de transporte coletivo de Manaus, mas até agora nada foi feito.
“Às vezes fico aqui (na beira da estrada) mais de duas horas. Depende sempre da carona que passa por aqui. Mas pelo menos agora tem carona, porque antes era mais difícil já que não era asfaltado”, destacou ele que vai ao local para buscar frutas e vender em uma feira em Manaus.
Dentro do ramal do Pau Rosa fica a estrada da Cooperativa, que não é asfaltada. É no km 7 dessa estrada que vive a portadora de deficiência mental Maria Auxiliadora Ferreira, 57. Há mais de 20 anos ela mora no local e, para ela, a principal dificuldade é a falta de um posto médico ou de “algo semelhante”. “Lá no começo do ramal existe um posto de saúde, mas para nós, que não temos transporte próprio, o acesso é mais complicado. O ideal seria termos um mais perto daqui”.
Já no ramal da Cachoeira do Leão, localizado no km 34 da AM-010, o principal problema para os moradores tem sido a via de acesso à comunidade onde moram cerca de 150 famílias. Segundo a dona de casa Izomar Souza, 29, até bem pouco tempo carretas e ônibus escolares conseguiam entrar no ramal, no entanto, agora eles são impedidos pelos buracos que se formaram no asfalto.
“Logo que o asfalto foi colocado houve uma melhoria, mas não demorou muito e começou a ceder e fazer buracos. Agora, nem os ônibus escolares estão vindo pegar as crianças dentro da comunidade. Elas têm que ir a pé até a estrada principal para conseguir ir à escola”, contou.
Por conta da inacessibilidade do ramal, os moradores da área têm sido obrigados a caminhar pela via, o que pode representar um perigo, já que também falta iluminação pública na região. “De manhã até temos como andar por conta da luz do dia, mas à noite é perigoso. Como qualquer pessoa pode entrar e sair aqui não podemos confiar de ficar andando por aqui no escuro”, contou Izomar. Ainda de acordo com ela, eles já recorreram à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) que ficou de analisar a situação.
Outro local visitado pelo Portal D24AM foi o ramal do Brasileirinho, uma comunidade rural localizada na zona leste de Manaus. Morando no Km 11 há oito anos, a dona de casa Lene Costa, 27, disse sentir falta de um posto de saúde exclusivo para a comunidade. “Para conseguir marcar uma consulta temos que ir até o posto do bairro Jorge Teixeira. Na maioria das vezes pagamos alguém para ir mais cedo e pegar a senha”, destacou.
Tanto na comunidade do Pau Rosa, quanto na comunidade do ramal da Cachoeira do Leão, os moradores reclamaram das condições ou da falta das escolas municipais. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que sete escolas estão localizadas na área da comunidade do Pau Rosa e uma na Estrada da Cooperativa. Segundo a secretaria não há escolas que atendam diretamente os moradores da Cachoeira do Leão, no entanto, os alunos são atendidos nas Escolas Municipais Abílio Alencar e Ouvidor Sampaio, ambas localizadas na AM-010, na entrada do ramal.
A reportagem entrou em contato com a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) sobre as reclamações referentes ao transporte coletivo, mas não obteve resposta. O mesmo aconteceu ao entrar em contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
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