MANAUS - O beneficiamento de juta e malva movimenta anualmente mais de R$ 28 milhões no Amazonas. Uma indústria movida por pequenos produtores, unidos em cooperativas, concentrados principalmente em cidades como Manacapuru. É lá que está localizada a Cooperfibras, uma das maiores cooperativas do setor no Estado e que gera renda para cerca de 300 pessoas da comunidade local.
A cultura da juta e malva é o retrato do cotidiano amazônico. Uma produção condicionada pelo ciclo das águas, dependente da subida das águas que fertiliza a várzea onde são cultivadas. Responsável por 90% das fibras produzidas no Brasil, o Amazonas cultiva 14 mil toneladas do material a cada ano. O produto é o 17º mais importante da cadeia agrícola amazonense e é o com maior destaque no contexto da produção nacional.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado conta com 745 hectares de área para a cultura da juta. O sucesso desse cultivo em terras amazonenses se deve ao solo extremamente fértil para produção, resultado do clima quente e úmido e um solo bem drenado, típico da região amazônica.
Conheça uma das maiores cooperativas de juta e malva em Manacapuru
Na busca por vencer a da competitividade com o produto importado da Índia e de Bangladesh – que chega ao Brasil a um preço inferior ao material regional – os investimentos no setor de beneficiamento da fibra têm se tornado cada vez mais intensos. No caso da Cooperfibras, por exemplo, os cooperados alugaram máquinas e um local maior para o beneficiamento da fibra.
“A cada ano estamos construindo mais galpões, porque há essa necessidade”, comenta o gerente operacional da Cooperativa, Osmar Façanha. Atualmente, o estoque do grupo, que trabalha na produção de sacaria, chega a um milhão de fardos de fibra. O produto guardado serve para abastecer o mercado quando chega a época da seca, que é o período onde a produção e malva e juta caem drasticamente.
A juta é usada na produção de telas, cordas, oleados, lonas, sacos, forração de tapetes e, em combinação com outros têxteis, na confecção de veludo, assim como em cortinas, entretelas, solas de alpercatas, reforços de capas de livros etc.
Confira os processos de fiação, tecelagem e costura dos sacos de fibras
A juta
A fibra chegou ao Estado trazida do continente asiático por imigrantes japoneses, por volta de 1920. Uma variedade adaptada às condições da região amazônica veio apenas a partir de 1935, introduzida pelo colono Ryoto Oyama.
A planta atinge uma altura de até quatro metros e seu talo tem uma espessura de aproximadamente 20 milimetros. A fibra útil está entre o caule e a casca, a extração é feita por meio de cortes com terçado, depois é feito o processo de maceração onde as fibras ficam postas em feixes em baixo d`água para amolecer por até oito dias, ao ser macerada a planta libera uma fibra longa, áspera e de coloração amarelada.
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