MANAUS - Metas para universalização da energia limpa até 2030, cumprimento do plano de resíduos sólidos e respeito aos estudos científicos. Estes são alguns dos dez compromissos assumidos pelo Amazonas ao término do Fórum Mundial de Sustentabilidade (24), em Manaus. Desde a última quinta-feira (22), cientistas, políticos e empresários participaram do evento que antecede a Rio+20.
Um dos pontos da “Carta do Amazonas” ressalta a importância de repensar as estruturas atuais da Organização das Nações Unidas (ONU). Com isto, o documento pretende aumentar a eficácia dos processos de governança internacional.
O termo governança é um dos temas da Rio+20 e foi bastante debatido no Fórum. Prova disso é que o quinto tópico da Carta do Amazonas cobra a formulação de um programa de governança dos oceanos. Neste ponto, o acordo quer permitir a recuperação dos ecossistemas marinhos e estoques pesqueiros, por meio da criação de áreas marinhas protegidas em águas territoriais nacionais e internacionais.
Economia verde
Sustentabilidade requer uso consciente dos recursos naturais, onde é possível explorar, mas também garantir que as gerações futuras usurfruam dos mesmos recursos. Bastante divulgado, este conceito foi decorado e já caiu no descrédito. Durante o Fórum, muitos questionamentos sobre o tema vieram à tona. O evento serviu para cobrar o cumprimento de outros compromissos assumidos em encontros anteriores como a Rio 92.
Este ano, o Fórum Mundial de Sustentabilidade enfatizou outro conceito: economia verde. A ideia pretende aliar desenvolvimento e sustentabilidade na prática.
Assim como em outros encontros internacionais, o Fórum estabeleceu prazos o cumprimento das metas. A universalização do acesso à energia limpa até o ano de 2030 exemplifica isto. Os próprios palestrantes ressaltaram diversas vezes que é necessário verificar o que é preciso mudar nos próximos dez, 20, 30 anos. Aos descrentes ou convíctos, resta viver para saber o que, de fato, se cumprirá até 2032, ano da próximo Rio+20.
Fórum Mundial de Sustentabilidade
O evento reuniu pelo terceiro ano consecutivo em Manaus, no Amazonas, algumas das maiores lideranças mundiais para discutir a sustentabilidade econômica, ambiental e social da Amazônia e do planeta. Na quinta-feira (22), primeiro dia do evento, o diretor executivo da Rio+20, Brice Lalonde, e a ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Bruntland lideraram os debates. Na sexta-feira (23), o ex-presidente do Brasil,Fernando Henrique Cardoso, e o presidente do Greenpeace, Kumi Naidoo, foram o destaque com a palestra “O desafio do desenvolvimento sustentável”. Neste sábado (24), último dia do Fórum, pesquisadores debateram sobre a recuperação dos oceanos.
Leia a Carta do Amazonas na íntegra
CARTA DO AMAZONAS
Neste ano de 2012, em que a atenção do planeta está focada no Brasil devido à Rio+20, o LIDE firma o compromisso de mobilizar a sociedade brasileira pela aprovação de uma legislação nacional de pagamentos por serviços ambientais, reconhecendo este mecanismo como fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável.
Destacamos também, através do FÓRUM MUNDIAL DE SUSTENTABILIDADE, outros temas que merecem especial atenção da sociedade brasileira e mundial. São eles:
1 A aprovação de um tratado internacional para implementar o REDD+ como mecanismo de preservação das florestas nativas.
2 Estabelecimento de metas para a universalização do acesso à energia limpa até o ano de 2030.
3 O apoio à maior cooperação Sul-Sul, na base de benefícios mútuos que não repitam os erros cometidos no passado.
4 A importância de repensar as estruturas atuais da ONU para aumentar a eficácia dos processos de governança internacional.
5 A formulação de um programa de governança dos oceanos, que permita a recuperação dos ecossistemas marinhos e estoques pesqueiros, através da criação de áreas marinhas protegidas em águas territoriais nacionais e internacionais.
6 O reconhecimento de que a atmosfera é um bem comum, compartilhado por todos, e cuja contaminação por gases do efeito estufa e outros poluentes precisa ser gradualmente eliminada, através de um cronograma mundial de metas firmes e compatíveis com a ciência.
7 O desenvolvimento de uma plataforma ambiental a nível municipal como prioridade, que explicite compromissos a serem assumidos por governantes locais, com especial atenção à universalização do saneamento básico, ao incentivo à construção sustentável e à promoção da educação ambiental e do consumo consciente.
8 A regulamentação e efetivo cumprimento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, dando atenção à possibilidade de geração de empregos, através da valorização da cadeia de reciclagem do PET.
9 O uso das respectivas cadeias de valor de grandes corporações para promover o comércio justo e o desenvolvimento sustentável na base da economia.
10 A incorporação clara e explícita nas metas de desenvolvimento dos direitos de futuras gerações a um meio ambiente mais limpo e sadio.
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