segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cheia deixa bairros inteiros de Manacapuru alagados


No centro da cidade e no bairro Correnteza, os moradores convivem desde abril com marombas e pontes improvisadas para se locomover.
[ i ]Em Manacapuru, população é forçada a abandonar as casas e famílias se dividem
Manaus - Bairros alagados, casas abandonadas e estrada encoberta pela força das águas é o retrato de Manacapuru (a 68 quilômetrosa oeste de Manaus). No município, mais de 1,5 mil famílias sofrem com a enchente do Rio Solimões e seus afluentes.
No centro da cidade e no bairro Correnteza, os moradores convivem desde abril com marombas e pontes improvisadas para se locomover.
Moradora da Rua Quitino Bocaiuva, Centro, a costureira Norma Suely de Nátaliz, 40, conta que em meados de abril transferiu os móveis para o andar superior. “Perdemos um sofá e uma estante e um armário. Parte da família também teve que sair de casa porque não iria comportar todo mundo”, relatou.
Outro problema é o aumento de roubos às residências abandonadas. “Os bandidos estão se aproveitado para furtar de tudo, desde motos até botijas de gás. Outro dia tinha um  homem todo molhado oferendo a venda de duas botijas de gás”, citou a costureira.
No bairro Correnteza, a principal via que possui o mesmo nome, teve que ser aterrada para que os veículos conseguissem trafegar. As ruas secundárias estão tomadas pela águas.
O comerciante Jonas Costa de Souza, 29, conta que está ficando cada vez mais difícil adquirir os produtos para a venda. “Os atravessadores aumentaram os preços porque dizem que têm que comprar em comunidades mais distantes”, relatou. Pai de uma filha de cinco anos, ele afirma que temer animais peçonhentos. “ Até agora não aconteceu nada, mas a gente já teve que espantar poraquês e cobras de dentro da casa”, afirmou.
Se equilibrando entre as pontes de madeira, turistas se esforçam para registrar a enchente histórica. Paulista da cidade de São José do Rio Pardo, o engenheiro Tadeu Junqueira, 28, está há um ano em Manaus e ontem esteve em Manacapuru tirando fotos. “Todo mundo quer saber lá no Sudeste sobre a situação aqui. Perguntam como estou fazendo para ir pro trabalho. Aí tenho que explicar que apenas uma parte da cidade foi atingida”, disse.
Rodovia
Na rodovia estadual AM-010, que liga Manaus a Manacapuru, o trecho interditado no quilômetro 54 por causa do rompimento da estrada  permanece em obras e os motoristas precisam trafegar com cautela no local.
Durante a chuva que atingiu a cidade na tarde de ontem, uma árvore tombou sobre a pista. Os motoristas eram obrigados a trafegar na contramão para passar o trrecho atingido. Além de afetar a rodovia, a queda da árvore rompeu cabos de transmissão de energia elétrica.
Dobram casos de crianças com diarreias
O número de crianças afetadas com diarreia e outras doenças causadas pela cheia quase dobrou em Manacapuru, em comparação com o período da vazante dos rios.
De acordo com o diretor do Serviço de Atendimento Médico e Estatístico (Same) do Hospital Municipal da Manacapuru, Francisco Roberto de Castro, o aumento de casos tem como causa o consumo de água imprópria e o banho em áreas contaminadas como beiras de rios, onde há acúmulo de dejetos. 
Até o dia 17 de maio, os casos de diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível totalizavam 517 registros. Em todo o mês de outubro do ano passado, durante o período da vazante, este número totalizou 508 registros.
“São realizadas campanhas de conscientização e distribuição de hipocloreto de sódio para descontaminar a água, mas é difícil mudar o comportamento das pessoas”, lamentou.
Quando iniciar a vazante outras doenças como dengue e malária devem ser combatidas, alerta o diretor do Same em Manacapuru.
Enquanto a reportagem esteve na cidade, dezenas de crianças e adultos usavam uma parte inundada da Rua Solimões, bairro Correnteza, como balneário.
Na tarde de ontem, a dona de casa Joyce Marina, 20, estava com seu filho no hospital da cidade. A criança de dois anos de idade apresentava vômito e diarreia e havia sido liberada pelo médico que receitou remédios para combater a desidratação. “Ele começou a passar mal há dois dias,  hoje piorou e trouxe ele aqui para o médico”, narrou a dona de casa. Na saída do hospital, a criança dormia no colo da mãe. Ao ser questionada se descontaminava a água que dava ao filho, Joyce nada comentou.

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