segunda-feira, 16 de abril de 2012

Saneamento básico não chega ao interior do Amazonas, diz AAM


O amazonense sofre com o precário sistema de saneamento básico, principalmente em municípios do interior do Estado.

 Wallace Abreu – jornalismo@portalamazonia.com
Em um igarapé da zona Centro-Sul da capital amazonense, restos de uma cadeira de balanço acumula resíduos sólidos e pedaços de roupas despejados no igarapé / Foto: Wallace Abreu / Portal Amazônia
MANAUS – Situado na maior área verde do planeta, o Amazonas enfrenta problemas de saneamento básico. Diariamente, a população reclama de transtornos como sistema adequado de esgoto e tratamento de lixo. A situação piora no interior do Estado, onde os lixões representam riscos até para a aviação. Discussões em torno do assunto já pautaram vários encontros. Na terça-feira (17), mais um Seminário discutirá os problemas e apresentará as possíveis soluções. Desta vez, o evento vai dar voz aos cientistas da região.
De acordo com o coordenador técnico do Programa de Apoio à Elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico e de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos dos Municípios do Estado do Amazonas (Plamsan), Adalberto Mendes, o encontro busca sensibilizar o poder público sobre os investimentos em saneamento básico. “Cerca de 90% dos municípios do interior apresentam situação crítica. Temos que pensar no desenvolvimento de planos que atendam as diretrizes da Lei Federal nº 12.305, que regulamenta a questão de resíduos sólidos e a Lei nº 11.445, sobre saneamento básico”, destacou.
A Associação Amazonense de Municípios (AAM) elabora um plano para o desenvolvimento do saneamento básico no Estado. O prognóstico deve ser concluído até o mês de agosto. Segundo o presidente da AAM, Jair Souto, o programa de saneamento básico é constituído por quatro eixos: Resíduos sólidos, Drenagem, Distribuição de água e Saneamento Sanitário. “A Funasa já disponibilizou 8,5 milhões para investimentos em melhorias no setor. Vivemos hoje grandes dificuldades com os lixões nos municípios do interior, principalmente pela quantidade de urubus e o funcionamento dos aeródromos destas cidades. Nosso objetivo é que até agosto de 2014 não haja mais lixões a céu aberto nestas cidades do interior”, explicou Souto.
Segundo moradores, as principais dificuldades enfrentadas são o mal cheiro e o aparecimento de animais peçonhentos / Foto: Wallace Abreu / Portal Amazônia
Igarapés como destino do lixo doméstico
Em Manaus, não faltam reclamações quando o assunto é saneamento básico. Em alguns pontos da capital, a falta de água lidera as queixas. O manauara aguarda o resultado da CPI da Água, em tramitação na Câmara Municipal (CMM). O projeto analisa o problema do serviço de distribuição de água encanada na capital amazonense. Até lá, a população demonstra indignação sobre o serviço.
Esgotos a céu aberto são outro problema comum na capital amazonense. De acordo com a comerciante Naida Lice, a população é obrigada a conviver com o lixo, o odor e o medo da presença de animais peçonhentos nas áreas próximas aos igarapés. “Para manter o mínimo de higiene nesta área, os próprios moradores aqui da região se juntam para fazer um mutirão de limpeza nessas águas, na tentativa de diminuir o número de lixo que se acumula neste córrego”, contou.
Não bastasse o descaso das autoridades, Naida reclama da falta de consciência ambiental de outros moradores. “A gente faz a limpeza no igarapé, mas as chuvas fortes arrastam novamente todo o lixo despejado em outras áreas da cidade cortada pelo igarapé”, reclamou a mulher que reside às margens de um igarapé no Aleixo, zona Centro-Sul de Manaus. Segundo a comerciante, a situação piora quando animais mortos são jogados no igarapé. “Há dias em que ninguém aguenta o mal cheiro que vem dessas águas: uma verdadeira fossa a céu aberto. Todos os encanamentos das casas nestas áreas são despejados direto no igarapé. Como não temos para onde ir, suportamos essa situação”, ressaltou.
A comerciante Naida Lice destaca os principais problemas da falta de saneamento básico / Foto: Wallace Abreu / Portal Amazônia
O despejo de lixo nos igarapés também compromete a saúde dos moradores dos entornos. A dona de casa Cleonice Leitão contou ao portalamazonia.com que objetos jogagos nesses locais impedem a passagem da água. “Temos que contar com a sorte para não adquirirmos doenças. Casos de dengue são comuns. A água do igarapé é corrente, porém algumas vezes fica acumulada em potes e recipientes que são vistos engatados no decorrer do igarapé”, disse.
Seminário reúne pesquisadores
O seminário de Saneamento Básico do Amazonas, realizado pela AAM e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), acontecerá no Auditório do Tribunal de Contas do Estado (TCE/AM). O evento segue até a quinta-feira (19). Pesquisadores de diferentes instituições, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam), Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama) participarão dos debates.
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