sexta-feira, 8 de junho de 2012

Estabilidade da terra preta de índio inquieta pesquisadores

Solo ancestral apresenta propriedades que podem colaborar para desenvolvimento da agricultura e redução do efeito estufa

Por Marina Lopes
Pedaços de cerâmica podem ser encontrados na terra preta de índio / Foto: Divulgação Embrapa
Pedaços de cerâmica podem ser encontrados na terra preta de índio / Foto: Divulgação Embrapa
MANAUS - Com formação datada de aproximadamente 2 mil anos atrás, a Terra Preta de Índio inquieta pesquisadores. Eles  se interessem em estudar as propriedades estáveis do material em meio a mudanças climáticas. Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, para cientistas e agrônomos, entender o porquê desses solos serem estáveis é muito importante. “A ideia é tentar reproduzir esses parâmetros em áreas cultiváveis para reduzir o impacto que a agricultura itinerante tem sobre a floresta”, relata Neves.
De acordo com a linguagem cientifica, a terra preta de índio é um solo antropogênico, resultado de assentamentos indígenas. Produzido a partir da decomposição de restos animais e vegetais, possui alto teor de fertilidade e nutrientes como Potássio, Cálcio e Magnésio. Sua coloração escura se deve a grande quantidade de carbono queimado no local.
A reprodução deste solo pode promover o desenvolvimento da agricultura em áreas com escassez de alimentos. Segundo informações da pesquisa liderada pelo agrônomo  José Marques Jr, professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), é possível obter terra preta por meio da queima de biomassa pelo método de pirólise, combustão em alta temperatura sem a presença de oxigênio.
Por conta da ausência de oxigênio, a cadeia química apresenta obstáculos para a decomposição realizada por microrganismos, explicando a elevada estabilidade do solo e a concentração de carbono orgânico.
Com a permanência de altas quantidades de carbono na terra, o impacto da atividade agrícola no lançamento de C0²  para a atmosfera poderia reduzir em 25%, de acordo com Marques Júnior.
Para o físico Paulo Artaxo, atuante em questões climáticas globais, algumas propriedades da terra preta podem ser estratégicas para a humanidade. “Se você enterra o carbono no ecossistema, onde o tempo de ciclagem dele passa a ser medido em milhares de anos, ao invés de dezenas como é o caso da atmosfera, ocorre um processo de sequestro de carbono. Se realizado em larga escala, poderia representar ser uma maneira de reduzir as emissões de CO² da atmosfera”.

*O arqueólogo Eduardo Góes Neves e o físico Paulo Artaxo comentaram sobre o tema durante conferência feita pela Oboré Projetos Especiais em Comunicação e Artes, no Instituto de Estudos Avançados da USP.

* Marina Lopes é estudante de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ela participa do projeto “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, coordenado pela Oboré Projetos Especiais em Comunicação, no Instituto de Estudos Avançados da USP. Durante o curso são realizadas conferências de imprensa com especialistas sobre a Amazônia em diversas áreas. Um dos critérios de avaliação do curso é a publicação de textos sobre assuntos relacionados em veículos de comunicação da área.

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Defensor público morre atropelado em rodovia do Amazonas

José Antônio Tuma Neto chegou a ser socorrido e transportado para hospital de Manaus, onde faleceu minutos após dar entrada

  • Vítima é atendida no local do acidente por equipe do Corpo de Bombeiros
    FOTO: Divulgação
  • Bombeiros prestam atendimento à vítima de atropelamento na rodovia AM-070
    FOTO: Divulgação
  • Vítima de atropelamento na rodovia Manoel Urbano teve vários ferimentos pelo corpo
    FOTO: Divulgação
Minutos após dar entrada no hospital João Lúcio, localizado no bairro São José, na Zona Leste de Manaus, o defensor público José Antônio Tuma Neto, 54, morreu em decorrência do atropelamento, do qual foi vítima, por volta das 15h30, desta quinta-feira (7), no quilômetro 2, da rodovia estadual AM-070, a Manoel Urbano (Manaus – Manacapuru).
O acidente ocorreu no momento em que o motorista do veículo modelo Polo Sedan, de placas LPA 6901, Hugo Aratani, 31, tentou desviar de Tuma Neto.
O condutor do veículo perdeu a direção e acabou colidindo com um poste de iluminação pública, que tombou, além de atingir o defensor público.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros, que se encontrava de serviço na cabeceira da Ponte rio Negro, foi deslocada até o local, onde efetuou os primeiros socorros, até a chegada de uma equipe de paramédicos do distrito do Cacau Pirêra, que os conduziu até o hospital João Lúcio.
Tuma Neto teve várias lesões pelo corpo, sendo necessário o uso do colar cervical e imobilizadores dos membros inferiores, pelo Corpo de Bombeiros.

Campanha educativa recolhe quatro toneladas de lixo próximo a ponte Rio Negro durante o feriado

Durante a ação, que contou com o apoio do Ipaam, secretarias e várias escolas, foram distribuídas mais de mil sacolinhas de lixo aos motoristas que passavam pela ponte

Estudantes recolhem lixo ao longo da estrada do Brito, em Iranduba. Ao fundo “turista” se diverte em pescaria num dos novos “points” de lazer do manauense
Estudantes recolhem lixo ao longo da estrada do Brito, em Iranduba. Ao fundo “turista” se diverte em pescaria num dos novos “points” de lazer do manauense (Euzivaldo Queiroz)
Estudantes da rede pública de Iranduba (município a 25 quilômetros de Manaus) recolheram nesta quinta-feira (7) quatro toneladas de lixo deixadas por “turistas” na cabeceira da ponte Rio Negro e nos lagos formados pela enchente ao longo da estrada do Brito. Durante a ação, que contou com o apoio do Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam), secretarias e várias escolas, foram distribuídas mais de mil sacolinhas de lixo aos motoristas que passavam pela ponte.
Conforme o diretor presidente do Ipaam, Antonio Stroski, o objetivo era chamar a atenção da população e visitantes para o lixo produzido à margem da estrada do Brito, que liga a ponte à rodovia Manuel Urbano (AM-070), a Manaus-Manacapuru.
“A cheia criou um cenário muito agradável para que as pessoas passem o fim de semana ou feriado se divertindo. Mas a preocupação é que elas não podem vir a um ambiente natural e deixar as marcas da visita, jogando lixo no rio ou na margem da via”, advertiu Stroski.
De acordo com ele, o benefício do ambiente natural deve ser aproveitado por todos. “Se é um lugar bonito e agradável, devemos conservá-lo também para os nossos descendentes. Além do mais, já sabemos o que acontece quando não damos um destino adequado aos resíduos. Então, devemos deixar o ambiente limpo”, concluiu.
Mutirão
Com a ajuda de 70 estudantes da rede municipal de Iranduba, que fizeram a limpeza geral, o órgão ambiental quis despertar a consciência dos visitantes para o perigo de degradação do local. “Muitas vezes, as pessoas que frequentam esse lugar não percebem que o lixo deixado na beira da estrada ou no rio vai acabar a própria diversão deles porque os peixes vão morrer”, advertiu a professora Léia Dourado, 35.
Antes de começar a recolhida do lixo, a fanfarra da Escola Estadual Cecília Carneiro, de Iranduba, chamou a atenção dos frequentadores tocando músicas conhecidas.
“Esse tipo de ação deve acontecer sempre. Essa área ainda não está contaminada, mas você já vê garrafas PET e latas de refrigerante flutuando. Devemos ter cuidado para não estragar esse lugar”, disse a professora Hedríssia Alcantara, 37.
De acordo com os organizadores da ação de limpeza empreendida nesta quinta (7), depois do banho de rio, a pescaria é uma das práticas preferidas de quem frequenta as áreas alagadas da ponte.